COAJOQ - Cooperativa Agrícola de Jovens Quadros
Quatro jovens guineenses, técnicos agrícolas formados em Cuba, iniciam em 2000 uma cooperativa agropecuária, numa granja estatal que se encontrava abandonada, localizada nos arredores de Canchungo (antiga Teixeira Pinto), que fica a cerca de 60 Km de Bissau.
Sem quaisquer subsídios e sem alfaias agrícolas, e apenas com 10 Kg de feijão, 25 Kg de arroz e 32.000 CFA no bolso, (cerca de 50 euros), ei-los que deitam mãos à obra, dando largas aos seus sonhos de mudança. Acreditaram que, pela dedicação, criatividade e trabalho, o projeto haveria de crescer. Realmente tem crescido muito, não obstante todas dificuldades que têm enfrentado. De início, a cooperativa tinha 12 associados que executavam todo o tipo de trabalho relacionado com o cultivo e a descasca do arroz, a horticultura e a produção, em viveiro, de plantas e espécies melhoradas, e a produção avícola.
Foi sempre sua preocupação melhorar e modernizar os métodos de produção, apostando em sementes hortícolas de qualidade, e em espécies de aves maiores e, por isso mesmo, mais rentáveis. A par desta sua dinâmica de produção e que tem dado resultados extremamente importantes, a cooperativa presta apoio na formação, na área da produção hortícola, a mais de duas centenas de mulheres da região, oriundas das vinte tabancas (aldeias) que existem na região de Canchungo.
Durante a época das chuvas, que vai de maio a setembro, e que é a altura em que o arroz é plantado, a cooperativa presta serviços de aluguer de tratores e das alfaias, sobretudo os que se relacionam com a lavoura e o cultivo do arroz.
A cooperativa adquiriu um novo espaço, bastante perto da povoação, com cerca de vinte e dois hectares, por terem sido expulsos, incompreensivelmente, da granja que o governo lhes tinha cedido, cinco anos após o contrato de arrendamento que haviam celebrado com o ministério da agricultura em 2000, e por um período de 50 anos. Dos 22 hectares, cerca de dez já estão limpos e cultivados, sendo objectivo da Cooperativa ter todo o terreno da granja a produzir mais hortícolas, mandioca, amendoim, feijão, e mais árvores de fruto, como a manga, a laranja e o limão, o ananás e o óleo de palma.
Um dos cooperantes, mais especializado na área florestal, está a desenvolver ensaios e estudos, com vista à futura criação de um pequeno jardim botânico que venham a conter no seu seio, a maior parte das plantas medicinais que integram a riquíssima flora guineense.
Na sua granja construíram e estão a funcionar os seguintes espaços cobertos:
- Dois aviários destinados à criação de frangos para carne, e à seleção de espécies melhoradas, para o que têm em funcionamento, uma chocadeira eléctrica, alimentada por energia fotovoltaica;
- Uma oficina/garagem onde são feitas as reparações e a manutenção das máquinas, viaturas e alfaias que possuem;
- Uma pequena fábrica onde são transformados e embalados os frutos da granja, dando origem aos sumos, às compotas e aos doces que produzem e comercializam;
- Um edifício principal, no qual estão instaladas a sede da cooperativa, as salas de formação e convívio, cozinha e refeitório.
- Confrontando a granja, a sueste, com um braço de mar, é sua intenção construir, no palmeiral aí existente, alguns bangalôs, um d’jamberé e demais infraestruturas, que permitam o acolhimento de pessoas vindas de Bissau, para gozarem o seu fim de semana, de grupos de jovens e, futuramente, possa mesmo acolher turistas estrangeiros. O local, diga-se, é lindíssimo e duma tranquilidade inigualável.
Quem vem de Canchungo, vê logo à entrada da granja, instalada a rádio regional e comunitária, também gerida pela cooperativa, denominada “Uler Abaand”, palavras de origem manjaba que querem dizer: ”Está na Hora”. As notícias e a formação são emitidas em crioulo e manjaco, dialectos predominantes na região, e chegam a mais de cento e sessenta mil pessoas. Uma das maiores preocupações da rádio é a divulgação de toda a informação que se relaciona com o melhoramento da produção agrícola e avícola, pois é um dos grandes objetivos porque foi criada, e que é o de contribuir para o desenvolvimento de toda a população que reside nas vinte e sete tabancas existentes na zona.
Em relação a todo este projeto agropecuário da COAJOQ, os apoios da Fundação têm-se limitado à dádiva de alguns equipamentos e materiais, uma vez que as capacidades da cooperativa, nas áreas do conhecimento e da gestão, são exemplares, o que dispensa perfeitamente bem a nossa intromissão nas suas funções concretas, a saber:
- Em 2005, demos um Motocultivador;
- Diversos materiais de construção, em especial cimento, ao longo dos últimos anos;
- Tubagens de diversas dimensões, em PVC, para os sistemas de rega que possuem;
- Em 2007 uma camioneta usada, de 3500 Kg, para o transporte de produtos da granja;
- Em 2008 um trator agrícola de grande potência, para lavrar a “bolanha”, e por isso mesmo, devidamente equipado com todos os equipamentos e alfaias indicados para o trabalho em terrenos alagados.
Vivamente recomendamos a todos os grupos de voluntários, que em nome da Fundação João XXIII, vão à Guiné em missão de solidariedade, que passem por Canchungo e visitar a COAJOQ, porque é uma experiência que vale mesmo a pena ser vivenciada e apoiada, pois o seu testemunho e a sua ação concreta têm um papel determinante no desenvolvimento do povo guineense.