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Galeria de Fotos: Cooperativa Escolar S. José

Cooperativa Escolar S. José

A Escola primária São José de Mindará foi fundada em 1987, pelo Prof. Raúl Daniel da Silva. Esta Escola, segundo palavras do mesmo, teve como objetivo acolher crianças em idade escolar, que não tinham vaga nas escolas públicas do Estado, dada a insuficiência de edifícios escolares, face ao aumento da taxa de natalidade e ao fluxo do êxodo rural para a cidade de Bissau. Até 1991, as salas de aula tinham paredes de querintim (palha), pelo que as condições de ensino eram muito más. Lecionava-se o ensino Básico do pré-escolar até à 4ª classe e os exames finais eram efetuados nas escolas públicas.

Em dezembro de 1991, o Padre Casal Martins apresentou ao grupo de voluntários da Fundação João XXIII, que nesse ano se deslocou à Guiné, um projeto para a nova escola primária, a construir no bairro de Bandim, que se compunha de oito salas de aula. Apresentou o Professor Raúl ao grupo e disse-lhes que era um bom líder e que apesar do projeto ser arrojado, ele, com uma pequena ajuda, seria capaz de o levar avante.

Em Outubro de 1992, apesar de ainda não ter portas nem janelas, a escola começou a funcionar com cerca de 500 alunos, que apesar de ainda terem de levar um banquinho de casa para se sentarem, já tinham um tecto para se abrigarem, protegendo-os do sol e da chuva.

Em junho de 1995 a Cooperativa Escolar de São José de Mindará (CESJ) foi legalizada no Cartório Notarial de Bissau. Trata-se de uma cooperativa de pais e professores, sendo o seu diretor executivo o Prof. Raul Daniel da Silva. Os pais pagam uma mensalidade fixa e dessa forma é possível custear as despesas da escola e pagar os salários dos professores.

Em dezembro de 1995 a escola já tinha cerca de 800 alunos.

A Cooperativa Escolar manteve continuamente iniciativas e felizmente conseguiram ajuda de outras entidades, nomeadamente da Gulbenkian, pelo que construíram outra escola primária, noutro Bairro de Bissau (Cuntum) que começou a leccionar em 01 de Outubro de 1996. Tinham também a funcionar uma quinta em João Landim, como escola de formação agrícola para jovens desempregados, que teve o apoio financeiro dos “Manos Unidos” de Espanha.

Com a Guerra de 1998/1999 a escola, além de ter interrompido as actividades lectivas, ficou parcialmente destruída e ficou sem portas e sem janelas. Fez-se uma campanha de solidariedade para ajudar na recuperação da escola e para pagar os salários dos professores. Durante um ano houve muitas pessoas que todos os meses contribuíram com um donativo fixo e assim foi possível pagar os salários dos professores, já que a maior parte dos pais não podiam pagar a mensalidade dos seus filhos.

Nesta altura cada professor ganhava o equivalente a 30€. A escola era frequentada por 1864 alunos, distribuídos pelas duas escolas (Bandim e Cuntum).

Estas escolas tinham muita procura por parte dos pais, devido à qualidade do ensino e à sua regularidade. No entanto, os pais queriam mais e exigiam que o ensino fosse alargado além do 6.º Ano, o que não era possível uma vez que as instalações não comportavam mais alunos, e estes, a partir do 7.º ano tinham de ir para o liceu do Estado.

Face à pressão feita pelos pais e em vista das necessidades, a Direcção da Escola pediu a cedência de um espaço de terreno em Jericó/Bandim ao seu proprietário tradicional e procedeu à sua legalização no C. M. Bissau.

Como havia muita falta de meios financeiros para efectuar a construção do Liceu de Jericó, deslocaram-se a Portugal dois elementos da Direcção da Escola, em Agosto de 2003, a fim de contactar e sensibilizar parceiros para futuros apoios financeiros, de materiais de construção e de equipamento escolar.

Com o fundo obtido em Portugal e com algum dinheiro próprio construíram mais três salas de aula em Cuntum, iniciando-se as do 7º ano, no ano lectivo de 2003/2004. Em 2004, com algum dinheiro próprio e com ajuda da Fundação João XXIII construíram dois pavilhões com três salas de aula cada, em Jericó.  

Em 12 de Novembro de 2004, foram inauguradas oficialmente as actividades lectivas no liceu de Jericó. Pretendia-se que os alunos pudessem frequentar a escola até ao 11.º ano, na cooperativa escolar, o que aconteceu progressivamente, acrescentando um ano lectivo cada ano que passava.

A Direcção da CESJ preocupada com o problema dos jovens que concluíam o liceu sem perspectivas de serem integrados na vida activa, solicitou assistência técnica e pedagógica da Direcção do CIFAP (Centro de Informação e Formação Artesanal e Profissional) de Bissau. A assembleia-geral aprovou a proposta de introdução de alguns cursos profissionais, tais como mecânica, electricidade, construção civil, contabilidade e informática.

Em dezembro de 2007, a Escola tinha cerca de 3.000 alunos, do 1º ao 9º ano.

Foi comprado um terreno em Jericó/Bandim, ao lado do liceu. Pretende-se construir uma escola Profissional com cerca de 1000 m2, e assim ministar cursos de formação profissional nas áreas da informática, mecânica, electricidade, carpintaria e contabilidade.

Uma vez que o Estado só assegura a produção de livros até ao 4º ano do ensino básico, a CESJ resolveu produzir os seus próprios livros, contando novamente com o apoio da Fundação João XXIII, nomeadamente na doação de policopiadoras e respectivos tinteiros e master, suficientes para o seu funcionamento durante um longo período. 

Para a futura escola profissional, mais uma vez contou-se com o apoio vindo de Portugal, uma vez que, aproveitando a desactivação da escola profissional Ferreira de Castro de Lisboa, foram doados tornos mecânicos e de madeira, bancadas de trabalho e máquinas diversas. Este equipamento foi levado para Bissau em Agosto de 2008, para começar a equipar a escola profissional.

Apesar da CESJ não estar dependente da Fundação João XXIII para seguir em frente, sentimos que o nosso apoio é importante. Além disso, foi o nosso primeiro projecto na Guiné e aquele onde investimos mais meios, tanto a nível financeiro como emocional.